Arte e Cultura

O Barbeiro de Sevilha - Cia Brasileira de ÓperaParece a continuação do post anterior. E é. A montagem do Barbeiro de Sevilha, da Cia Brasileira de Ópera, é mais uma mostra de uma bela iniciativa – precisamos produzir – e de como os produtores vão ficar cada vez mais nas mãos dos patrocinadores. E os artistas… Bem, o projeto do maestro John Neschling, que levou a maravilhosa ópera “O Barbeiro de Sevilha”, de Gioachino Rossini, por quinze cidades brasileiras, certamente será um divisor de águas na trajetória do gênero no Brasil. É comum pensar em ópera como coisa antiga, de elite, onde ninguém pode sequer respirar sem ser bombardeado por uma chuva de Shhhh!, que falam mais alto que qualquer grito. Mas, ópera também é sinônimo de civilidade, de apuro musical, de arte integrada etc etc.O Barbeiro de Sevilha - Cia Brasileira de Ópera

Apesar de ser explícito, neste projeto, o desdém pelos cantores – seus nomes são anunciados apenas em off , como os antigos patrocinadores que agora são apresentados no início, no meio e no fim do espetáculo, existe, realmente, a  necessidade de se criar um modelo que não seja refém de crises existenciais a que todos estão sujeitos.

O que fica claro é que o projeto busca formar um novo público, com ouvido menos preparado para distinguir ritmo, dinâmica ou timbre, mas capaz de ampliar as fronteiras do gênero no Brasil. Deverá haver um momento de transição e de adaptação, que alíás já vem acontecendo com os projetos populares, mas que pode acabar de vez, quem sabe?, com os intermináveis cancelamentos de temporadas. O que faltava era iniciativa. O conhecimento, o apuro crítico, tudo vem com o tempo, e com a prática. As animações, apesar do mérito, estavam excessivas. Talvez por isso o Rio tenha sido a última parada da programação.

Links:

www.obarbeirodesevilha.com

www.companhiabrasileiradeopera.com.br

Enquanto o Ministério da Cultura toma decisões sobre as Leis de Incentivo e tenta, a muito custo, fazer com que patrocinadores paguem pela propaganda inserida no material de divulgação dos projetos (a maior parte, ou em alguns casos o valor total, dos recursos das empresas destinados ao patrocínio recebem isenção em impostos), as logos e cia das empresas roubam cada vez mais a cena do próprio produto cultural: programa de tv, espetáculo teatral, cinema, vídeo…. Enfim, um exemplo prático: Dia 22/11 foi a premiação dos vencedores do Curta Criativo, promovido pela Firjan com apoio de outros “patrocinadores”, no Cine Odeon Petrobrás, no Centro do Rio. A iniciativa é louvável, já que precisamos fazer as coisas acontecerem, e as pessoas trabalharem, no Brasil. Mas o evento não passou de uma grande propaganda para os “patrocinadores”, que foram citados todo o tempo, ao longo do evento inteiro. Os curtas? 5 segundos, talvez seja muito, foi o tempo de apresentação do que realmente era foco da premiação. Aliás, na tela, muito pouco se viu de produção audiovisual. De qualquer forma os curtas passariam em um telão voltado para a Cinelândia, no youtube, nos blogs… Pensando bem, não precisava mesmo mostrar a produção audiovisual no evento.

Link dos vencedores (ficção, documentário, animação):

http://www.curtacriativo.com.br/sem-categoria/curta-criativo-um-grande-incentivo-a-industria-criativa/