Parece a continuação do post anterior. E é. A montagem do Barbeiro de Sevilha, da Cia Brasileira de Ópera, é mais uma mostra de uma bela iniciativa – precisamos produzir – e de como os produtores vão ficar cada vez mais nas mãos dos patrocinadores. E os artistas… Bem, o projeto do maestro John Neschling, que levou a maravilhosa ópera “O Barbeiro de Sevilha”, de Gioachino Rossini, por quinze cidades brasileiras, certamente será um divisor de águas na trajetória do gênero no Brasil. É comum pensar em ópera como coisa antiga, de elite, onde ninguém pode sequer respirar sem ser bombardeado por uma chuva de Shhhh!, que falam mais alto que qualquer grito. Mas, ópera também é sinônimo de civilidade, de apuro musical, de arte integrada etc etc.
Apesar de ser explícito, neste projeto, o desdém pelos cantores – seus nomes são anunciados apenas em off , como os antigos patrocinadores que agora são apresentados no início, no meio e no fim do espetáculo, existe, realmente, a necessidade de se criar um modelo que não seja refém de crises existenciais a que todos estão sujeitos.
O que fica claro é que o projeto busca formar um novo público, com ouvido menos preparado para distinguir ritmo, dinâmica ou timbre, mas capaz de ampliar as fronteiras do gênero no Brasil. Deverá haver um momento de transição e de adaptação, que alíás já vem acontecendo com os projetos populares, mas que pode acabar de vez, quem sabe?, com os intermináveis cancelamentos de temporadas. O que faltava era iniciativa. O conhecimento, o apuro crítico, tudo vem com o tempo, e com a prática. As animações, apesar do mérito, estavam excessivas. Talvez por isso o Rio tenha sido a última parada da programação.
Links:
Escrito por Rosane Tesch
Deixe um comentário